O que é BIM?

De acordo com SUCCAR, 2009, BIM é um conjunto inter-relacionado de políticas, processos e tecnologias que geram uma metodologia para gerenciar a essência de projeto da edificação/construção e dados associados num formato digital, em todo ciclo de vida da edificação. Nesse contexto, os três “pilares básicos” tem igual importância, de forma que podem ser detalhados como:

a) Políticas

Conjunto de medidas, leis, padrões, normas, contratos e técnicas para validação de modelos, visando à sustentação, desenvolvimento e aplicação da metodologia. Em termos gerais é um conceito mais amplo que envolve tanto a esfera governamental, quanto mecanismos internos empresariais.

No que diz respeito à sua parcela de contribuição, o Governo Federal, como principal cliente da indústria da construção civil, sancionou o Decreto Nº 9.377 de 17 de Maio de 2018 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9377.htm) que estabelece metas e prazos para implementação do BIM no Brasil, a partir da Estratégia Nacional de Disseminação do BIM no Brasil, conhecida como “Estratégia BIM BR”, revogado e atualizado através do Decreto Nº 9.983 de 22 de Agosto de 2019 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/D9983.htm). Recentemente, este último foi complementado pelo Decreto Nº 10.306 de 2 de Abril de 2020 (http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.306-de-2-de-abril-de-2020-251068946).

Entendendo que a implantação do BIM já está em pleno desenvolvimento, inclusive no Brasil, alguns estados se anteciparam em relação à “Estratégia BIM BR” e já estão contratando seus projetos em BIM, casos de Santa Catarina e Paraná, por exemplo. Outros órgãos, como a INFRAERO, também já estão adotando a metodologia em suas obras, assim como algumas construtoras.

Todo esse conjunto de fatores motivou a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a criar uma comissão para o desenvolvimento de uma norma brasileira para o uso do BIM, além de incentivar que os escritórios de projetos se adequem à nova realidade de mercado, elaborando suas próprias estratégias, conforme suas respectivas áreas e níveis de atuação.

b) Processos

É possível entender um processo, como uma sequência lógica e coordenada de ações que geram um produto final. No caso do BIM, seria a efetiva aplicação de conceitos como modelagem tridimensional, associada ao trabalho colaborativo entre as diversas equipes envolvidas, a partir da interoperabilidade existente, e amplamente desejada, entre as diversas ferramentas disponíveis no mercado, facilitando a compatibilização de projetos, aumentando a precisão na estimativa de custos, identificando pontos críticos no planejamento e auxiliando o acompanhamento da construção em todo ciclo de vida.

Sendo assim, faz-se necessário destacar a figura do Gestor BIM, responsável pela coordenação das equipes, garantido os meios necessários para o desenvolvimento dos respectivos trabalhos e sua devida compatibilização. No entanto, também faz parte desse contexto, a escolha de pessoas, hardwares e softwares, além de avaliação do custo x benefício. Para tanto, recomenda-se que cada equipe tenha seu gestor e este trabalhe alinhado e sob a hierarquia do Gestor principal.

c) Tecnologias

Conjunto de recursos e ferramentas tecnológicas que dão suporte à metodologia BIM, dentre os quais, destacam-se os softwares, os hardwares e os sistemas de rede.

Os primeiros representam os aplicativos, ou programas computacionais, a partir dos quais serão desenvolvidos os modelos tridimensionais; suas respectivas análises de desempenho arquitetônico, estrutural, termo acústico, de instalações prediais, exaustão, dentre outros; a compatibilização dos diversos projetos; as planilhas de custos; o planejamento e a documentação das informações necessárias para execução e manutenção da obra. Podem ser acrescentados os plugins e bibliotecas de componentes BIM.

No mercado existem diversos softwares, desenvolvidos por outros tantos fornecedores, que se aplicam às diversas etapas do processo. Contudo, devido às suas características especiais exigem bastante desempenho da máquina (hardware) na qual estão instalados. No entanto, outros equipamentos também fazem parte do conjunto de hardwares de suporte BIM, dentre eles: impressoras 2D e 3D, câmeras laser; óculos para visualização 3D e realidade aumentada, etc.

Por fim, os sistemas de rede permitem o armazenamento e a troca de informações geradas pelas diversas equipes participantes do processo. Assim como os demais recursos tecnológicos, os sistemas de rede estão em desenvolvimento contínuo para atender à crescente demanda por velocidade na troca de informações geradas pelo trabalho colaborativo, além de criar repositórios confiáveis para armazenamento dos modelos.

Conclusão

De maneira resumida é possível descrever o BIM como uma metodologia voltada à construção civil que utiliza processos baseados na gestão de um banco de dados digital integrado e estruturado, contendo informações, geradas e manipuladas por recursos tecnológicos apropriados em um ambiente propício, criado, amparado e incentivado pela ação governamental, no macro espaço, e empresarial, no micro espaço.

Bibliografia

AMORIM, S.R.L. Gerenciamento e coordenação de projetos BIM: um guia de ferramentas e boas práticas para o sucesso de empreendimentos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.

EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. Manual de BIM: Um guia de MODELAGEM da Informação da Construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.

KENSEC, K. Building Information Modeling: BIM: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. SUCCAR, B. Building Information Modelling Framework: A reserch and delivery foudation for industry stakeholders. Automation in Construction, [S.I.], n.18, p.357-375, 2009.

Eng. Me. André Luís L Velame Branco
Projetista, Professor e Consultor de Cálculo Estrutural

Pela proposta de valor diferenciada oferecida pela ALL VELAME Projetos de Estruturas, existe um amplo leque de potenciais projetos locais e em outros estados e regiões.