Durante os quase 20 anos de experiência profissional na área de engenharia de estruturas, o projeto de estruturas de fundações sempre me despertou bastante interesse e, porque não dizer, ânsia em obter mais informações e conhecimento sobre o assunto, inclusive no que diz respeito à influência recíproca da superestrutura sobre os elementos de fundações e seu comportamento diante da resposta e contribuição do solo nesse processo.
Nas versões atuais das normas dos diversos sistemas e materiais construtivos, sejam tanto as modalidades de concreto quanto alvenaria estrutural e estruturas metálicas, essa correlação está descrita e reconhecida pelo meio técnico como interação solo-estrutura.
Sendo assim, mais do que nunca, os profissionais especialistas em cada uma das áreas precisam ter mais conhecimento sobre a outra, para que juntos possam oferecer ao cliente a solução mais eficiente do ponto de vista técnico e de segurança, mas também, em termos de economia, durabilidade e conforto.
Parto do princípio que um projeto bem sucedido é aquele que fornece à equipe de obra informações suficientemente claras, precisas e confiáveis, permitindo que a execução conduza aos resultados citados anteriormente. Nesse contexto, acredito que trabalhar com profissionais capacitados e especialistas em suas respectivas áreas de atuação seja o melhor caminho, onde cada um respeita os limites e espaços próprios e mútuos, aprendendo com o outro e potencializando a propagação e aplicação do conhecimento
Principalmente, por esse aspecto, sempre busquei ampliar meu conhecimento sobre a área de geotecnia, dialogando com meus colegas geotécnicos para entender as soluções de fundações propostas por eles e avaliar como eu poderia desenvolver meus projetos estruturais de maneira mais harmônica com elas.
No entanto, outro aspecto também se tornou imperativo nesse processo. Dependendo do porte da obra, do mesmo modo em que há situações nas quais o próprio calculista é preterido do processo, o mercado suprime a presença do geotécnico e o calculista acaba assumindo a responsabilidade de acumular as duas funções.
Independentemente disso, a qualidade do serviço e, portanto, das informações contidas nos projetos deve ser mantida e dessa forma o calculista deve ter conhecimento suficiente para orientar o cliente e desenvolver o projeto com a qualidade e excelência necessária
Nas minhas andanças pelo Brasil, ministrando aulas para cursos de pós-graduação em Engenharia de Estruturas, constatei o óbvio. Nosso país possui grandes diferenças, proporcionais ao seu tamanho, mas em alguns aspectos, respeitando as peculiaridades regionais, todos nós padecemos dos mesmos problemas.
Apesar do conhecimento estar disponível e de haver excelentes profissionais em todas as regiões do país, à medida que nos afastamos do sudeste, em especial do estado de São Paulo, os recursos tecnológicos vão se tornando menos acessíveis, seja por oferta ou por custo. Certamente, reflexo da desigualdade econômica entre as regiões, cujo debate não é objetivo desse artigo, mas cabe a reflexão
Então, quando estou explicando para os alunos o trabalho conjunto entre o geotécnico e o calculista, é comum aparecer frases do tipo: “Na minha cidade eu sou o projetista, o executor e o administrador das obras” ou “na minha região só se tem disponibilidade de executar sapatas e tubulões”; sempre acompanhadas do questionamento:“ Como devo proceder?”.
Minha resposta resume-se a: “Com respeito”.
Sim, em relação: à profissão, à medida que se atua com ética, buscando a excelência e a solução mais adequada para cada problema; aos colegas de profissão, valorizando suas especialidades, orientando os clientes sobre a importância de cada profissional e os benefícios que outros especialistas podem trazer ao projeto como um todo; a si mesmo, reconhecendo suas virtudes e limitações, procurando meios para se qualificar, ampliar e aplicar seus conhecimentos, sempre aprendendo com as experiências próprias e dos colegas.
Por fim, como consequência e principalmente, respeito aos clientes. Se for preciso acumular funções, que se faça com qualidade, valorizando a segurança, a durabilidade, a economia e o conforto. Quando necessário, que se busque uma orientação de colegas com experiência naquele assunto. Cobrando um preço justo e compatível com os serviços realizados, mostra-se ao cliente que o nosso trabalho tem valor agregado e estamos comprometidos em oferecer a solução de melhor custo benefício.
Podemos chamar de atuação responsável, pois insucessos e acidentes comprometem a imagem de toda categoria, desacreditando a importância da contratação e participação de um engenheiro, principalmente em obras de pequeno porte.
Por todo exposto, aproveito esse canal para compartilhar com clientes, alunos e colegas profissionais das diversas disciplinas associadas à construção civil, um pouco do conhecimento e experiência que adquiri ao longo de todos esses anos. Não tenho pretensões de encerrar o assunto e por isso, críticas, comentários e sugestões são sempre bem vindas.
Na medida do possível, trarei artigos escritos por outros profissionais também e a referência bibliográfica relativa aos temas abordados para que cada um possa ir até a fonte e estabelecer suas próprias conclusões. Sejam bem vindos.
Eng. Me. André Luís L Velame Branco
Projetista, Professor e Consultor de Cálculo Estrutural
Pela proposta de valor diferenciada oferecida pela ALL VELAME Projetos de Estruturas, existe um amplo leque de potenciais projetos locais e em outros estados e regiões.