Método de exploração realizado, conforme CINTRA, 2013, a partir da penetração quase estática (prensagem) no solo de uma ponteira cônica acoplada a um conjunto de hastes, com monitoração quase contínua da resistência mobilizada, cujos parâmetros obtidos podem ser correlacionados com diversas propriedades do solo e com resultados de outros ensaios. Contudo, apesar das reconhecidas qualidades desse ensaio, após ser confirmada em 2014, em 2015 a NBR 12069:1991 que padronizava seus procedimentos e equipamentos foi cancelada pela ABNT com a justificativa de desuso do meio técnico. Uma variante desse ensaio, capaz de avaliar a poropressão é conhecido como Piezocone (CPTu).

Objetivo

a) Estimar as resistências de ponta (qc) e lateral (fs) do terreno;

b) Identificar o tipo de solo:

A identificação do perfil do subsolo, a partir dos resultados de ensaios de cone e piezocone, deve ser feita com bastante cuidado, principalmente para solos com comportamento não convencional, ainda assim é possível o emprego de:

b1) Cartas de classificação:

Orientação mais precisa em relação ao comportamento que em relação à granulometria;

b2) Tabelas:

Razão de atrito, conforme VELLOSO, 2011.

Rf

Tipo de solo

1,2 – 1,6 %

Areia fina e grossa

1,6 – 2,2 %

Areia siltosa

2,2 – 4,0 %

Areia siltoargilosa

> 4,0 %

Argila

A experiência mostra que areias possuem medidas elevadas de resistência de ponta, associadas a reduzidos valores de razão de atrito, enquanto que o inverso é observado em relação às argilas. Os solos orgânicos (turfas) assemelham-se às argilas porém com valores mais extremos.

Correlação entre resultados

De acordo com SCHNAID, 2012, as condições geológicas, geotécnicas e geomorfológicas de solos encontrados na natureza são muito variáveis, motivo pelo qual nem sempre correlações estabelecidas e consagradas podem ser usadas indistintamente, sem avaliação crítica preliminar. Sendo assim, limites de aplicações devem ser identificados e respeitados, uma vez que os métodos de interpretação dos resultados adotam abordagens semiempíricas, amparadas por hipóteses simplificadoras.

a) Parâmetros do ensaio (CPT e CPTu):

a1) Resistência de ponta: (qc em kPa);

a2) Atrito lateral: (fs em kPa);

a3) Poropressão: (u);

a4) Razão de atrito: (Rf = fs/qc).

b) Parâmetros e propriedades obtidas por correlações:

b1) Estratigrafia e perfil geotécnico;

b2) Coeficiente de adensamento (Ch e Cv);

b3) Densidade relativa (Dr);

b4) Resistência não drenada (Su);

b5) Ângulo de atrito efetivo de areias (ϕ´);

b6) Tensão de pré-adensamento (OCR);

b7) Coeficiente de permeabilidade (κ);

b8) Determinação da capacidade de carga e recalque de fundações;

b9) Correlação com SPT: qc = K.NSPT

Coeficiente para correlação CPT/SPT, conforme REBELLO, 2008.

K

Tipo de solo

0,60

Areia

0,53

Areia siltosa – Areia argilosa – Areia com silte e argila

0,48

Silte – Silte arenoso – Argila arenosa

0,38

Silte – com areia e argila – Argila com silte e areia

0,30

Silte argiloso

0,25

Argila – Argila siltosa

 Vantagens

a) Propriedades do solo obtidas por correlações;

b) Processo executivo que minimiza as perturbações no solo e não produz resíduos;

c) Mais preciso que o ensaio de Sondagem SPT.

 Desvantagens

a) Uso de mão de obra especializada;

b) Não coleta amostras para inspeção visual;

c) Dificuldade para transporte do equipamento;

d) Dificuldade para penetração em camadas densas com pedregulhos ou matacões.

Bibliografia

ABEF – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE ENGENHARIA DE FUNDAÇÕES E GEOTECNIA. Manual de Execução de Fundações e Geotecnia – Práticas Recomendadas. São Paulo: PINI, 2012.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo – sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12069: Solo – Ensaio de penetração de cone in situ (CPT) – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 1991.

ALONSO, U.R. Previsão e controle das fundações. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1991.

CINTRA, J.C.A.; AOKI, N.; TSHUA, C.H.C.; GIACHETI, H.L. Fundações: ensaios estáticos e dinâmicos. São Paulo: Oficina de Textos, 2013.

MORAES, M. C. Estruturas de fundações. São Paulo: McGraw-Hill, 1976.

REBELLO, Y.C.P. Fundações: guia prático de projeto, execução e dimensionamento. São Paulo: Zigurate Editora, 2008.

SCHNAID, F.; ODEBRECHT, E. Ensaios de campo e suas aplicações à engenharia de fundações – 2 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012.

VELLOSO, D.A.; LOPES, F.R. Fundações, Volume 1 – 2 ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

Eng. Me. André Luís L Velame Branco Projetista, Professor e Consultor de Cálculo Estrutural

Pela proposta de valor diferenciada oferecida pela ALL VELAME Projetos de Estruturas, existe um amplo leque de potenciais projetos locais e em outros estados e regiões.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *