Dentre as diversas aplicações dos resultados das sondagens SPT é possível citar desde a amostragem para a identificação da ocorrência das diversas camadas de solo com naturezas distintas, a previsão da capacidade de carga e recalques de elementos de fundações, até as correlações com outras propriedades geotécnicas. Contudo, de acordo com SCHNAID e ODEBRECHT, 2012, faz-se necessária a observação dos limites para as condições particulares nas quais as correlações de origem empíricas foram obtidas.

Classificação das camadas

Combinando a medida do NSPT de cada trecho com a análise táctil-visual das amostras recolhidas no amostrador padrão é possível estimar o perfil geotécnico do subsolo. Nesse sentido, a ABNT NBR 6484:2001 avalia a compacidade de solos granulares (areia e silte arenoso) e a consistência de solos coesivos (argila e silte argiloso), conforme a tabela a seguir:

A ABNT NBR 6484:2001 esclarece que as expressões empregadas para a classificação da compacidade das areias (fofa ou compacta.), referem-se à deformabilidade e resistência destes solos, sob o ponto de vista de fundações, e não devem ser confundidas com as mesmas denominações empregadas para a designação da compacidade relativa das areias ou para a situação o índice de vazios críticos, definidos na Mecânica dos Solos.

Por outro lado, SCHNAID e ODEBRECHT, 2012,alertam que esse método de correlação é baseado em medidas de resistência à penetração (NSPT) sem qualquer correção quanto à energia de cravação e a intensidade das tensões. Sendo assim, recomendam proposta alternativa que incorpora esses parâmetros. 

Outras propriedades do solo

Diversos autores, com certa divergência, propuseram métodos para correlações entre o SPT e os parâmetros geotécnicos mais importantes, podendo ser divididos em:

a) Indiretos: os resultados do ensaio SPT são utilizados na previsão de parâmetros constitutivos, representativos do comportamento do solo;

b) Diretos: os resultados do ensaio SPT são aplicados diretamente na previsão da capacidade de carga ou recalque de um elemento de fundação, sem a necessidade de parâmetros intermediários.

Em SCHNAID e ODEBRECHT, 2012,são encontrados métodos indiretos para determinação da densidade relativa, do ângulo de atrito interno, módulo de cisalhamento e outras propriedades do solo, enquanto que REBELLO, 2008, propõe uma tabela de correlação direta do SPT com a tensão admissível, o atrito lateral e o ângulo de atrito interno. Contudo, apesar dela diferir em relação à orientação da ABNT NBR 6484:2001 quanto à consistência das argilas e à compacidade das areias, como mostrado a seguir, ainda pode ser utilizada como uma referência em estudos preliminares. Por sua vez, CAMPOS, 2015, sugere uma tabela que, na falta de ensaios de laboratório, pode ser utilizada para correlação da coesão e o ângulo de atrito com o SPT. Já a ABNT NBR 6122:2019, desde sua versão anterior, eliminou a tabela para tensões admissíveis que existia na versão de 1996.

Bibliografia

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro, 2019.

ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo – sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2001.

ALONSO, U.R. Exercícios de fundações. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1983.

CAMPOS, J. C. Elementos de fundações em concreto. São Paulo: Oficina de Textos, 2015.

REBELLO, Y.C.P. Fundações: guia prático de projeto, execução e dimensionamento. São Paulo: Zigurate Editora, 2008.

SCHNAID, F.; ODEBRECHT, E. Ensaios de campo e suas aplicações à engenharia de fundações – 2 ed . São Paulo: Oficina de Textos, 2012.

Eng. Me. André Luís L Velame Branco
Projetista, Professor e Consultor de Cálculo Estrutural

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